
Mas, um erro muito comum é levar em consideração somente a potência ou o fluxo luminoso da lâmpada no momento da troca. Isso porque a distribuição fotométrica é quem determina a qualidade do projeto luminotécnico.
É comum, depois de algum tempo, os funcionários começarem a reclamar do desconforto na iluminação, muitas vezes até com a sensação que tem menos luz no local.
Como em escritórios as pessoas trabalham seis, oito, ou até mais horas seguidas por dia, a iluminação ineficiente pode gerar uma série de complicações de saúde como, dores de cabeça no curto prazo e até problemas mais sérios no longo prazo, como distúrbios emocionais. Além disso, pode, também, diminuir a produtividade dos funcionários.
Vamos ver então com mais detalhes porque isto ocorre e como resolver.
Primeiro, é bom entender que quem determina os padrões mínimos de qualidade de projeto luminotécnico são as normas brasileiras da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Para iluminância de interiores, a norma em vigor é a ABNT NBR 5413. Para escritórios, ou seja, para Iluminação geral em área com tarefas com requisitos visuais normais, a norma exige nível médio de iluminância de 750 lux (mínimo de 500 lux). Este valor, atrelado à uniformidade mínima, é quem determina a qualidade do projeto luminotécnico e se ele está de acordo com a norma ou não. Não podemos esquecer que a Norma Regulamentadora NR 17 – Ergonomia, publicada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, também menciona aspectos qualitativos que devem ser obedecidos em um projeto luminotécnico.
Uma luminária agrega três elementos técnicos principais: a fonte de luz, o sistema elétrico e o sistema óptico. Este último é o que gera a curva fotométrica da luminária, ou seja, quem direciona e distribui a luz.
Ao realizar a substituição da lâmpada, ou seja, ao alterar a fonte de luz da luminária, temos dois elementos técnicos da luminária atendidos. Primeiro a própria fonte de luz, desde que tenha o mesmo fluxo luminoso com menor potência (eficácia em lm/W melhor), a mesma temperatura de cor (Kelvin) e mesmo índice de reprodução de cores (IRC). Segundo, o sistema elétrico, pois as lâmpadas de LED tubulares já possuem o driver incorporado, portanto não precisa substituir o reator da lâmpada antiga.
Porém, o sistema óptico das duas tecnologias são completamente diferentes. Isto ocorre porque as lâmpadas fluorescentes tubulares emitem luz (fluxo luminoso) de forma radial em 360o, ou seja, emitem luz para baixo e para cima de forma igual. Já os LEDs (o componente, não a lâmpada) emitem luz somente em uma direção, para frente, com abertura de 180º.
Devido a estas diferenças, as lâmpadas fluorescentes tubulares precisam de um refletor, geralmente em alumínio de alto brilho, para refletir a luz que iria para trás da luminária (luz desperdiçada) e redirecionar a luz para o plano de trabalho, neste caso a área do escritório. Este refletor compõe o sistema óptico da luminária existente. Já os LEDs não precisam de refletor, mas precisam de lentes para redirecionar a luz para o plano de trabalho. As lâmpadas de LED tubulares já possuem seu próprio sistema óptico incorporado.
Este redirecionamento da luz, tanto realizado por um refletor, quanto por uma lente é o que cria a curva fotométrica da luminária, responsável pela qualidade do projeto luminotécnico. O sistema óptico das lâmpadas de LED tubulares pode ser ou não igual ao sistema óptico da luminária existente. Como o sistema óptico da luminária existente vai ficar sem utilização após a substituição da lâmpada, o projeto luminotécnico vai ser determinado pelo sistema óptico da lâmpada de LED tubular e pode ficar completamente diferente do original, resultando no não atendimento aos níveis da citada norma brasileira.
Além disso, devemos levar outros critérios em consideração no projeto luminotécnico de escritórios, como o ofuscamento (brilho indesejado da luz), que também pode ser um elemento de desconforto e problemas de saúde. Outro elemento importante é o fator de manutenção, pois toda fonte de luz deprecia com o tempo, resultando em níveis de iluminância menores do que foi projetado no início da vida útil da lâmpada.
Como vimos, a simples troca da lâmpada não é tão simples quanto parece, podendo gerar novos problemas. A dica é, se não domina os conceitos de projeto luminotécnico aqui apresentados, o gestor deve, então, consultar um projetista luminotécnico (Lighting Designer), ou buscar um curso na área para se preparar ou preparar um dos funcionários, antes de fazer qualquer alteração na iluminação do seu escritório e garantir a segurança dos funcionários e o atendimento às normas brasileiras.